O primeiro episódio da quarta temporada de The Witcher chega com uma responsabilidade que nenhuma outra abertura da série havia enfrentado: convencer o público de que a mudança de protagonista não compromete o coração da história. E, surpreendentemente, a estreia abraça essa transição com segurança, como se o universo já estivesse preparado para esse renascimento. Desde os primeiros minutos, fica evidente que o capítulo quer provar algo — e, ao mesmo tempo, quer provar que não precisa provar nada.
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A chegada de Geralt (Liam Hemsworth) funciona como o eixo emocional dessa estreia. A troca de ator não é escondida nem suavizada; ao contrário, é integrada à narrativa de maneira metafórica, como se o próprio personagem tivesse atravessado mais uma mutação física e espiritual. Hemsworth, ciente da sombra que pairava sobre sua performance, aposta em gestos contidos e expressões silenciosas, preservando a essência duramente conquistada por Geralt ao longo das temporadas. O resultado é uma versão do personagem que dialoga com o passado, mas que anuncia um novo tom — menos melancólico, mais ferido, e talvez até mais humano.

Evolução
Enquanto isso, Ciri (Freya Allan) domina o episódio com um arco que traduz seu amadurecimento. Já não é a garota que foge do destino, mas também não é a líder que muitos esperam que ela se torne. A estreia usa esse entre-lugar para aprofundar sua identidade, alternando momentos de fragilidade com explosões de determinação. A série se aproveita do peso emocional acumulado por Ciri para explorar seus conflitos internos, preparando terreno para uma temporada em que ela finalmente deve encarar o preço de ser perseguida, desejada e moldada por forças maiores do que ela.

Yennefer (Anya Chalotra), por sua vez, mantém sua posição como pilar emocional da trama. A personagem carrega uma mistura de força, estratégia e desgaste que transparece em cada cena. O episódio mostra uma Yennefer mais consciente dos danos que o mundo e seus próprios erros infligiram nela — e isso a torna ainda mais fascinante. Sua conexão com Geralt, embora sutil na estreia, continua sendo uma das linhas narrativas mais consistentes da série, e a direção investe na profundidade dessa dinâmica sem recorrer a exageros ou melodrama.

Visualmente, o episódio apresenta uma evolução clara. A fotografia aposta em sombras, luz difusa e cores menos saturadas, criando uma ambientação mais madura. Os monstros, agora com design mais físico e textura mais convincente, reforçam a sensação de que a série finalmente encontrou o equilíbrio entre fantasia e realismo. As cenas de ação, mais limpas e menos frenéticas, ganham impacto por valorizarem o peso dos movimentos, algo que contribui para deixar Geralt ainda mais imponente.
Sólido e Atmosférico
Narrativamente, o episódio funciona como uma reorganização cuidadosa do tabuleiro. Ele aproxima personagens dispersos, estabelece novos pontos de tensão e planta mistérios que prometem reverberar nos próximos capítulos. Tudo isso sem parecer apressado. Há espaço para pausas, para olhares, para pequenas escolhas que dizem mais do que diálogos longos. É uma estreia que respira — e que permite que o público respire junto.
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Mas o verdadeiro mérito do capítulo está na maneira como ele encara o inevitável recomeço. Em vez de tentar mascarar mudanças, a série as abraça, ressignifica e transforma em combustível dramático. É um retorno que reconhece o passado, mas não depende dele; que respeita a trajetória dos personagens, mas não se prende a ela. Ao final, o episódio se revela sólido, atmosférico e surpreendentemente confiante — um início que pode conquistar até os fãs que mais duvidavam dessa nova fase.
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