O segundo episódio da 5ª temporada de Stranger Things abandona qualquer sensação de segurança que ainda restava e mergulha de vez no horror íntimo, imediato e traumático. Se o início da temporada já mostrava sinais de tensão, este capítulo escancara que Hawkins está à beira de um colapso — começando dentro de uma das famílias mais tradicionais da série.
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A narrativa não perde tempo: a casa dos Wheeler se torna palco de uma das sequências mais agressivas da temporada. Um Demogorgon irrompe na residência e deixa Karen Wheeler (Cara Buono) e Ted Wheeler (Joe Chrest) gravemente feridos. Em meio ao caos, Holly Wheeler (Nell Fisher) desaparece — levada ao Mundo Invertido em um ataque rápido, violento e imprevisível.

É um choque que redefine o rumo da série. O horror deixa de ser uma ameaça distante para se tornar algo palpável, doméstico, visceral. Trata-se de um terror que atinge pais, mães, irmãos — e, por isso, dói mais.
Devolta ao mundo invertido
A partir desse trauma, o episódio encontra em Eleven (Millie Bobby Brown) uma âncora emocional poderosa. A jovem não hesita antes de atravessar a fissura que se abre para o Mundo Invertido, movida por um instinto de proteção que beira a autodestruição. Há, em sua atitude, uma mistura de culpa, responsabilidade e desespero que Millie interpreta com precisão dolorosa. É como se Eleven finalmente encarasse não apenas o perigo externo, mas o peso das expectativas e das perdas acumuladas ao longo da série. Seus olhos dizem tudo: ela sabe que talvez não volte igual — ou nem volte.
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Enquanto isso, Will Byers (Noah Schnapp) retorna a um estado emocional que ele temia revisitar. Os ecos sensoriais ligados ao Mundo Invertido voltam com força, como se algo dentro dele despertasse sem permissão. Noah entrega aqui uma atuação que captura perfeitamente esse pânico silencioso: Will entende que o perigo está mais próximo do que todos imaginam, mas a incapacidade de traduzir essa sensação em palavras o isola novamente. A série resgata o trauma original do personagem e o transforma em um presságio vivo — ele sente o mal antes mesmo que ele aconteça.

Já o núcleo formado por Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo), Lucas (Caleb McLaughlin), Steve (Joe Keery) e Jonathan (Charlie Heaton) tenta responder ao incidente com a união que sempre os caracterizou, mas o episódio deixa claro que a dinâmica mudou. Não há mais espaço para o espírito aventureiro dos velhos tempos; o clima é de urgência, medo e desorientação. A química do grupo continua presente, mas agora atravessada por sentimentos de impotência — a primeira vez, talvez, em que eles percebem que não conseguem absorver o impacto do horror com humor ou camaradagem.
Inimigo mais ousado
Toda essa tensão emocional funciona porque a direção investe em uma estética sufocante. O ataque aos Wheeler é rápido, quase abrupto, e essa falta de aviso torna tudo mais aterrorizante. O episódio combina cortes secos, enquadramentos fechados e tons escuros marcados por vermelho-ferrugem, criando uma sensação constante de confinamento. A trilha sonora, pulsando como um alarme distante, reforça a ideia de que Hawkins não tem mais para onde correr. O Mundo Invertido surge menos como um “outro mundo” e mais como uma presença intrusa que se arrasta para dentro da realidade.
Somando a isso, a revelação de que o antagonista pode assumir formas próximas — até mesmo de pessoas confiáveis — adiciona um componente paranoico à temporada. O inimigo parece mais ousado e cruel do que nunca, jogando com a vulnerabilidade emocional dos personagens e quebrando qualquer ilusão de segurança.
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O resultado é um episódio que funciona como um golpe direto no espectador. O horror invade a vida cotidiana, deixando claro que os personagens não estão apenas enfrentando monstros, mas o esgotamento emocional de anos de batalhas. Eleven e Will se destacam como o eixo dramático da história, guiando a temporada para um lugar mais íntimo e doloroso. A direção não suaviza nada — cada cena é construída para chocar, afetar e lembrar que as consequências agora são reais.
O segundo episódio da 5ª temporada de Stranger Things – “The Vanishing of Holly Wheeler” é, portanto, mais do que uma peça de transição: é o momento em que Stranger Things abraça de vez sua face mais sombria e adulta. A série se distancia das aventuras adolescentes e assume um horror que fere porque é humano, porque se infiltra no cotidiano, porque ameaça tudo o que esses personagens lutaram para proteger. Um capítulo intenso, devastador e fundamental para entender o tom emocional dessa reta final — onde nem todos voltarão inteiros.
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