“Sorcerer” encerra o Volume 1 da 5ª temporada final de Stranger Things com uma combinação poderosa de revelações. Além disso, viradas emocionais e expansão de lore que reposiciona completamente o conflito central da história.
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É um episódio que não tem medo de entregar respostas importantes — algumas aguardadas há anos — ao mesmo tempo em que eleva a tensão, amplia a mitologia da série e coloca Will Byers (Noah Schnapp) no centro de uma batalha que sempre foi, de alguma forma, sobre ele. A direção alterna horror psicológico e ação de maneira equilibrada, enquanto o roteiro, mesmo acelerado, aproveita cada vínculo emocional construído desde a primeira temporada.
Caos
A abertura reforça o clima de caos: Hawkins está sitiada pelas forças militares, famílias estão dispersas e o cerco alimenta a sensação de que o inimigo — Vecna (Jamie Campbell Bower) — está mais perto do que nunca. Eleven (Millie Bobby Brown) e Hopper (David Harbour) tentam conter o avanço militar enquanto Nancy (Natalia Dyer), Steve (Joe Keery), Jonathan (Charlie Heaton) e Dustin (Gaten Matarazzo) improvisam uma defesa desesperada que culmina em um confronto direto com uma criatura do Mundo Invertido. É uma sequência frenética, que mistura adrenalina e risco real, lembrando como a série sabe trabalhar ação sem perder a carga emocional.

Mas é no clímax que o episódio realmente revela seu propósito. Will Byers (Noah Schnapp), após sentir novamente a presença do Hive Mind, entra em um contato profundo e aterrorizante com a mente-colmeia — e manifesta uma habilidade até então inimaginável: ele controla os Demogorgons por meio de uma espécie de força telecinética, destruindo-os para salvar os amigos. O nariz sangrando, os olhos esbranquiçados e a entrega emocional da cena evocam os poderes de Eleven, mas o episódio deixa claro que não se trata de substituição. É um momento que reconfigura tudo: Will não recebe poderes novos; ele revela a extensão da ligação que sempre teve com o Mundo Invertido — uma conexão que pode ser tanto sua força quanto sua maldição.
Choque e Mistério
Essa revelação ganha ainda mais peso com a volta direta de Vecna a Hawkins. O vilão expõe parte de seu plano: precisa de 12 crianças para “refazer” o mundo de acordo com sua visão distorcida de ordem e poder. A cena entre Vecna e Will é sombria, carregada de subtexto. E finalmente dá forma ao motivo por trás dos sequestros que vêm assombrando a cidade. Ao declarar que Will foi “o primeiro a mostrar o caminho”, Vecna transforma o garoto na peça fundamental de seu projeto. Ou seja, aumentando a escala do conflito e criando um elo pessoal ainda mais profundo entre herói e antagonista.
Apesar de entregar grandes momentos, o episódio tem um ritmo acelerado que tenta acomodar ação, explicações e drama em pouco tempo. Alguns diálogos expositivos e a logística do cerco militar aparecem mais condensados do que o ideal, mas isso não prejudica o impacto emocional das cenas-chave. A montagem mantém a tensão constante e guia o episódio até um final que combina choque, mistério e preparação para uma escalada ainda maior no Volume 2.

O coração da narrativa está em três pontos indispensáveis. Primeiro, a ascensão de Will como agente ativo — não mais vítima, mas alguém cujo vínculo com o Mundo Invertido se torna determinante. É o resgate de uma jornada que começou no primeiro capítulo da série. Segundo, a revelação do propósito de Vecna, que amplia a ameaça e coloca a história em um patamar mais simbólico e global. E terceiro, o estado crítico de Hawkins, onde o cerco militar e os ataques do Upside Down transformam a cidade no epicentro de uma guerra inevitável.
Respostas entregues
O episódio também ganha força por seu significado dentro da produção. Segundo entrevistas de bastidores, Noah Schnapp revelou que a cena final com Will foi planejada há muito tempo. Sendo assim, é possível sentir isso na construção meticulosa do momento. Críticos e recaps destacaram que a explicação das “12 crianças” gerou debates sobre o simbolismo dessa escolha dentro da mitologia da série, enquanto a estrutura do Volume 1 deixa claro que os quatro primeiros episódios servem para montar o tabuleiro emocional e narrativo da reta final.
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“Sorcerer” cumpre exatamente o que promete. Entrega respostas, aumenta o impacto emocional e prepara o terreno para o que pode ser o confronto mais intenso já visto em Stranger Things. Transformar Will — o garoto que desapareceu — na chave do conflito é uma decisão que honra a história desde o início. Com ritmo veloz e atmosfera densa, o episódio encerra o Volume 1 com força, mistério e a promessa de uma conclusão épica no Volume 2.