Em A Hora do Mal, o medo não vem de gritos nem de sustos repentinos — ele nasce do silêncio, da dúvida e daquilo que não conseguimos explicar. O novo longa com Julia Garner mostra como o verdadeiro terror está na mente, e não apenas nas sombras.
| Predador: Terras Selvagens – Crítica
A trama começa de forma aparentemente comum: em uma quarta-feira, às 2h17 da madrugada, todas as crianças da turma da professora Gandy (Garner) se levantam, abrem as portas de casa e caminham pela noite — sem nunca retornar. É o ponto de partida para uma história enigmática, curiosa e agonizante, que mistura bruxaria, luto e culpa em um suspense de ritmo controlado e atmosfera sufocante.
Um deleite sombrio
trega uma atuação poderosa, conduzindo o público pelo desespero e a confusão de uma mulher que tenta encontrar respostas em meio ao inexplicável. Já Amy Madigan, como a misteriosa Gladys, a representação perfeita do terror psicológico. Ou seja, perturbadora sem precisar ser assustadora, ela nos atinge pelo desconforto mental, e não pelo susto. O jovem Cary Christopher também surpreende ao interpretar um menino que, mesmo impotente, carrega o peso de tentar proteger os pais.
A direção é inteligente e precisa. Sem deixar pontas soltas (exceto pela origem de Gladys, propositalmente ambígua), o filme sabe como prender a atenção e deixar cada detalhe gravado na mente. O ritmo pode parecer lento no início, mas é justamente essa cadência que amplifica o desconforto.

Visualmente, A Hora do Mal é um deleite sombrio: fotografia escura na medida certa, trilha sonora discreta, mas perturbadora, e uma montagem que valoriza o silêncio e a espera. O resultado é um terror sem jumpscares, mas ainda assim profundamente inquietante — daqueles que ficam reverberando na cabeça muito depois dos créditos.
O longa não precisa explicar tudo — e talvez resida aí seu maior acerto. A bruxaria é apenas uma sombra pairando sobre os acontecimentos, um símbolo do que é inexplicável e inevitável.
Um terror psicológico exemplar: silencioso, elegante e perturbador na medida certa. Em suma, A Hora do Mal é a prova de que o medo mais profundo é aquele que não precisa ser mostrado — apenas sentido.