Episódio 2 de Servant aprofunda o terror psicológico com silêncio, tensão e mistérios maiores.
O segundo episódio de Servant aprofunda a estranheza que já pairava sobre a casa dos Turner e começa a revelar, com calma e precisão cirúrgica, o tipo de terror que a série quer trabalhar: aquele que nasce do desconforto, do silêncio e do que não é dito. Em vez de respostas, o episódio entrega mais camadas de inquietação — e funciona exatamente por isso.
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Aqui, vemos Dorothy (Lauren Ambrose) cada vez mais imersa na ilusão construída ao redor do bebê Jericho. Sua felicidade descompassada contrasta de forma brutal com o comportamento do marido, Sean (Toby Kebbell), que continua tentando lidar racionalmente com uma situação completamente irracional. A atuação de Kebbell é um dos pontos altos do capítulo: ele equilibra culpa, incredulidade e frustração de forma tão autêntica que o espectador sente o incômodo junto com ele.

Mas quem realmente domina o episódio é Leanne (Nell Tiger Free). A babá segue envolta em mistério, com sua postura dócil e sua expressão serena demais para alguém que chegou há tão pouco tempo a uma casa tão cheia de traumas. A série trabalha sua presença como um fantasma vivo — alguém sempre observando, sempre presente, sempre silenciosa. Cada gesto de Leanne parece calculado, mas nunca revelado ao público. É esse equilíbrio entre inocência e ameaça que torna sua personagem tão instigante.
Julian (Rupert Grint), irmão de Dorothy, surge novamente como a voz mais direta e desconfiada da família. Sua irritação com a situação cresce, assim como seu medo de que Dorothy desmorone caso descubra a verdade. A presença dele traz peso emocional e um humor ácido que, paradoxalmente, só reforça o clima tenso da casa.
Rachaduras
O episódio ainda reforça a sensação de confinamento — física e emocional. A direção usa closes intensos, corredores apertados e uma iluminação sombria para transformar a casa dos Turner quase em um labirinto psicológico. Nada ali parece seguro. Nada parece normal. A estética minimalista, que já é marca registrada da série, ganha aqui sua melhor função: tudo é limpo, organizado e bonito demais… e justamente por isso tão perturbador.
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A narrativa avança por pequenos detalhes: um barulho que não deveria existir, um comportamento estranho, um olhar prolongado demais. Servant nunca subestima o espectador; ela entende que o horror é mais poderoso quando surge nas fissuras da rotina. E é exatamente isso que o episódio 2 faz: revela as rachaduras que, inevitavelmente, vão se tornar buracos.

No fim, o episódio não entrega explicações — entrega presságios. O desconforto aumenta, os personagens se isolam emocionalmente uns dos outros e a sensação de que há algo errado com Leanne se torna inevitável.
É um capítulo lento? Sim. Mas essa lentidão é proposital, quase cruel. Ela coloca o público na mesma posição de Sean: preso, inquieto, tentando entender algo que simplesmente não faz sentido.
Com isso, o segundo episódio de Servant consolida o tom da temporada e deixa claro que o terror aqui não vai gritar — ele vai sussurrar até você não conseguir ignorar.
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