Tremembé: Episódio 1 entrega tensão, choque e um retrato incômodo do cárcere brasileiro!
O episódio inaugural de Tremembé chega ao Prime Video com a tarefa de estabelecer imediatamente seu próprio território: um drama carcerário construído sobre figuras reais, crimes que marcaram o Brasil e uma atmosfera onde cada olhar carrega ameaça, julgamento e memória social.
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“Confia em mim” inicia com a transferência de Suzane von Richthofen (Marina Ruy Barbosa) para o presídio de Tremembé, local que ficou conhecido como destino de detentos que tiveram seus nomes estampados na mídia por crimes que abalaram o país. A série não disfarça sua intenção: quer mostrar o impacto dessa chegada sobre um microcosmo formado por pessoas cuja convivência nunca seria natural — mas que ali se tornam parte de um mesmo ecossistema fechado, tenso e imprevisível.

QUEM MAIS?
Desde os primeiros minutos, o episódio trabalha com uma tensão quase palpável. A entrada de Suzane no presídio produz uma onda de desconforto, curiosidade e hostilidade. As outras detentas acompanham cada movimento, e a série faz disso um reflexo do próprio Brasil observando, décadas depois, a mulher que se tornou símbolo de um caso de repercussão nacional.
Essa sensação se intensifica pela presença de outras figuras igualmente conhecidas: Elize Matsunaga (Carol Garcia), Daniel Cravinhos (Felipe Simas), Christian Cravinhos (Kelner Macêdo), Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato) e Alexandre Nardoni (Lucas Oradovschi). Todos eles, reunidos em um mesmo ambiente, formam uma narrativa que não existe na vida real, mas que a ficção usa para explorar poder, medo, manipulação e sobrevivência.

A série assume a dramatização sem disfarçar que está mexendo com material altamente sensível. E é justamente essa fricção — entre realidade e ficção — que faz o piloto de Tremembé tão incômodo e tão eficiente. O roteiro evita transformar detentos em caricaturas e também não tenta absolver ninguém; em vez disso, foca na dinâmica interna da prisão. Além disso, nas hierarquias invisíveis, nos códigos de convivência que se impõem com mais força que as grades.
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Suzane, recém-chegada, percebe rapidamente que sua notoriedade não a protege — pelo contrário, a expõe. Marina Ruy Barbosa conduz essa transição com contenção: a personagem não entra como vítima nem como vilã óbvia, mas como alguém que entende que cada passo ali pode custar caro.
Todos estão falando …
Visualmente, o episódio abraça um realismo bruto. A fotografia fria, os corredores sufocantes e a ausência de glamour reforçam a ideia de isolamento total. A série não explora violência gráfica gratuita, mas também não se esquiva do peso psicológico de estar em um dos presídios mais comentados do país. Cada cena sugere uma disputa, mesmo quando ninguém está falando. Os olhares entre Elize (Carol Garcia) e Suzane (Marina Ruy Barbosa), a postura calculada de Daniel (Felipe Simas) e Christian Cravinhos (Kelner Macêdo), o silêncio tenso de Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato) e Alexandre Nardoni (Lucas Oradovschi) — tudo aponta para uma temporada que promete usar esses personagens como peças de um tabuleiro onde confiança não existe e alianças são temporárias.
Mas, ao mesmo tempo, Tremembé traz consigo um enorme peso moral. Dramatizar nomes tão associados a tragédias reais sempre levanta debates éticos, e o episódio sabe disso. A série não romantiza crimes, mas também não os reencena diretamente, buscando um equilíbrio entre entretenimento e responsabilidade. Ainda assim, o desconforto faz parte da proposta — é um retrato que provoca, perturba e exige que o espectador reflita sobre sua própria relação com casos de comoção social.
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“Confia em mim” cumpre seu papel com força. Ou seja, estabelece tom, conflitos, tensões e uma atmosfera densa que se apoia mais em expressões silenciosas do que em cenas explosivas. Ele deixa claro que Tremembé será uma série de claustro emocional, onde o horror não está nos crimes narrados. Mas, na convivência entre pessoas que carregam histórias marcadas por violência, julgamento e memórias que o público conhece bem. É um início instigante, inquietante e corajoso — e faz exatamente aquilo que um primeiro episódio precisa fazer: capturar, provocar e deixar o espectador desconfortavelmente curioso sobre o que vem a seguir.
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